Apresento, hoje, uma história inédita, que fala de índios, preservação ambiental, zumbis e outros bichos.
Era uma
manhã ensolarada, e Guaraná estava na praça jogando bolinha de gude com o Pirrixa,
quando, de repente, apareceu um velho índio com um saco nas costas. Na Vila das Crianças já se ouvira falar sobre
ele. Dizia o povo que ele morava em Lindópolis muito antes que o mais velho
morador da cidade. Os meninos o observaram admirados, e o velho índio também os
viu. Guaraná então percebera em seu olhar como se quisesse avisar de algo que
estaria por acontecer. O velho passou,
sem olhar para trás. Inesperadamente, caiu do saco que ele carregava, um colar
feito com materiais da mata, como cipós e sementes.
Os
meninos caminharam até o colar e o pegaram com admiração. Já o iriam devolver,
mas quando olharam em volta procurando pelo velho índio, ele já havia sumido.
– Minha nossa!
O velho índio sumiu! Para onde ele foi
tão rápido, que sumiu das nossas vistas? – Perguntou Pirrixa ao amigo.
– Parece
até assombração! Cruzes! – gritou o Guaraná dando, até, um pulo pra trás.
Guaraná,
mais do que depressa, levou o colar rústico e entregou à Bolacha para que ela
pudesse procurar nos livros alguma informação sobre ele, e saber o que estava
por trás do velho índio, que se parecia mais com um fantasma – que medo!
A turma
do Guaraná já estava toda reunida, e ficaram surpresos quando Bolacha contou o
que um velho livro manuscrito, do tempo da colonização de Lindópolis, contava
sobre o índio e seu colar de cipós e sementes. Dizia que as sementes que ali
estavam eram símbolos de uma tribo que existiu há muitos séculos atrás, e
contava sobre o velho índio que vencera numa batalha a invasão de sua aldeia
pelos índios da tribo Cabeças de Porcos, um povo rebelde que conquistava e
destruía o povo vencido pra ficar com suas terras e pertences valiosos.
– Amigos,
algo está para acontecer, e o índio nos mandou um aviso deixando este colar cair
de propósito. E, pasmem, o velho índio é o fantasma do guerreiro Guayi, que
viveu em Lindópolis há 600 anos atrás! – disse a Bolacha.
Então, a turma toda se arrepiou da cabeça aos
pés, gritando:
– ÓÓÓHHH!
Mas, o que estaria para acontecer? Este era o
grande mistério que as crianças deveriam decifrar, e o colar era a fonte da
informação.
O colar era feito de cipós da mata, que
trançados prendiam três sementes. E as crianças discutiam, tentando ver ali
algum significado. Nada descobrindo, foram para suas casas para descansarem.
No dia
seguinte, voltaram ao laboratório de Bolacha pra decifrarem o enigma do colar
do índio fantasma, o guerreiro que uma vez salvara Lindópolis das garras dos malvados
Cabeças de Porcos.
No dia
seguinte, ainda de madrugada, coisas estranhas começaram a acontecer pela
cidade. Pelas sombras da escuridão, seres misteriosos se moviam, saindo debaixo
da terra, quase que rastejando pelos gramados e jardins, por trás das árvores e
por entre os becos dos prédios. Ninguém sabia, mas as crianças corriam perigo.
Logo após
o café, as crianças se reuniram no laboratório, e descobriram num livro antigo as
informações sobre as três sementes que formavam o velho colar. Então, as
meninas liam sobre cada semente, enquanto os meninos apenas ouviam atentos.
– Esta
semente azulada é de uma planta que só nasce no alto da Pedra da Mexerica –
disse Tampinha – E dela faz-se um delicioso chá calmante de cor azulada.
– Também
descobri, algo sobre a semente laranja. Ela surge após a florada da Bira-Biru,
que produz lindas flores apenas uma vez em toda a sua existência. Seus frutos,
quando maduros, explodem lançando as sementes por toda a floresta. Esta semente
serve para fazer um chá, e era usado para explodir os inimigos da tribo – disse
a Bolacha tremendo de medo.
– E aqui
neste livro, está escrito que as tribos costumavam tomar o chá destas sementes vermelhas
ao voltarem da guerra – disse Paulinha.
Então,
Bolacha concluiu:
– Meninas, prestem atenção! Reunindo
estas informações, acabo de concluir a mensagem do nosso amigo índio guerreiro.
Todas essas três sementes são nativas das matas de Lindópolis – disse a
Bolacha.
– Soube
que há um grande projeto do Senhor Jaimer Cenário de destruir grande parte da
Floresta Secreta para construir muitos prédios. Uma verdadeira explosão
imobiliária – lembrou Pirrixa.
– É
mesmo! Isso fragilizou o equilíbrio na floresta, enfraquecendo-a e liberando os
zumbis Cabeças de Porcos! – gritou Paulinha assustada.
Quando as
crianças descobriram tudo sobre o grande mistério do velho índio guerreiro,
bateram na porta do laboratório.
Tampinha
abriu a porta e todos no laboratório gritaram de susto, porque estava na porta
cerca de cinco zumbis dos índios Cabeça de Porcos. As crianças assustadas saíram
correndo, e como só havia uma saída que era a porta, passaram por cima dos
zumbis. As crianças ganharam as ruas gritando “Socorro!”
–
Esperem, amigos! – disse o Guaraná! – Por que estamos fugindo se nós temos a
solução!
– Bem
lembrado, Guaraná! – gritou o Pirrixa.
– Estes
zumbis Cabeças de Porcos, depois de haverem dormido por tantos séculos, devem
estar com muita sede. Todas as sementes que o velho índio nos deixou servem
para fazer chá.
– Vamos
preparar chá gelado para servir para eles! – gritou a Paulinha, que adora
preparar um chá.
Enquanto
isso, os zumbis continuavam vagando pela cidade aterrorizando toda a população.
As mulheres, homens e crianças estavam desesperados. O caos instalou-se na
cidade. O Senhor Prefeito Patonildo procurou a Turma do Guaraná para apresentar
uma solução para o problema.
Chegando
no laboratório de Bolacha, o prefeito conversou com as crianças.
– Ajudem-nos a salvar nossa cidade, crianças!
– Tudo já foi feito, e nada derrota esses zumbis Cabeças de Porcos!
Então, as
crianças explicaram sobre o projeto que destruiria parte da Floresta Secreta
pra exploração imobiliária, e desta forma despertou a ira da floresta,
liberando os zumbis dos índios Cabeças de Porcos.
Então, o
prefeito ordenou:
–
Suspendam imediatamente este projeto devastador e mandem colocar na cadeia qualquer
um que fale contra, inclusive o autor do projeto, Jaimer Cenário!
Em seguida, Guaraná e Pirrixa saíram com
um megafone anunciando sobre o chá das cinco, que seria servido gelado e
mataria a sede de todos os zumbis espalhados pela cidade. Enquanto isso, as
meninas preparavam o chá com as três sementes.
Às cinco
horas da tarde, a praça estava infestada de zumbis dos índios Cabeças de Porcos,
que estavam sedentos, babando e com os olhos arregalados.
As meninas
chegaram com o chá, e foram servindo aos zumbis. Quando eles tomavam o chá,
davam um sorriso por terem matado a sede, mas subitamente, explodiam,
desaparecendo completamente. E assim foi, um a um, até desaparecer o último
zumbi.
No
finalzinho da tarde, Lindópolis estava livre dos zumbis Cabeças de Porcos, e a
Floresta Secreta estava protegida da exploração de homens gananciosos, mais uma
vez.
O Senhor
Prefeito organizou uma grande festa, onde a Turma do Guaraná foi convidada
especial, para lembrar o dia da árvore e do velho índio guerreiro Guayi, o
protetor da cidade.
FIM
Até a próxima aventura, amiguinho!
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