Bom dia, queridos leitores!
Hoje apresento o conto de Natal com a Turma do Guaraná.
Uma história inédita com muita aventura e emoção.
Era fim de ano, quando a menina
Tampinha foi visitar os avós que moravam em Aiquefrio, a cidade onde nascera.
Aquefrio é uma cidadezinha pacata que
fica muito distante de Lindópolis, em uma região fria e com poucos habitantes.
Nesta época do ano, chega até mesmo a nevar.
Os amigos de Tampinha ficaram felizes
por terem sido convidados, e assim, a turma passaria junta o Natal em
Aiquefrio, a cidade gelada.
Quando chegaram lá, ainda era bem cedo
e um lindo sol surgia na linha do horizonte, atrás das montanhas, mas nem por
isso, aquele dia seria quente.
Os avós de Tampinha os receberam com
muita alegria e já lhes prepararam o café da manhã com pães, queijo, bolo e
chocolate quente.
Naqueles dias, Aiquefrio atravessava um
inverno rigoroso, entretanto, como fazia sol, ainda era possível sair para
brincar lá fora. Então as crianças foram brincar na neve que acabara de cair.
Passeando lá fora, Tampinha observava o
Guaraná e o Pirrixa se divertindo numa guerra de neve. Depois, junto com Paulinha
e Bolacha, foram montar um boneco de neve.
— Falta o nariz, que vamos colocar uma
cenoura — disse Paulinha olhando em volta.
— Está tudo coberto de neve, não tem
cenoura aqui — falou Tampinha sorrindo.
— Não tem nada por aqui! Está frio
demais! Como os animais estão se virando pra encontrar alimento? — Perguntou a
Bolacha.
É... A vida não estava nada fácil fora
das casas e chalés, onde as lareiras aqueciam e as dispensas estavam cheias até
a primavera. Lá fora, nos campos e florestas, estava tudo frio e coberto de
neve.
As meninas olharam em volta e nada
viam, senão muita neve, mas observando com mais atenção, encontraram um esquilo
atrás de um tronco caído. O pobrezinho
estava magro e faminto. Por sorte, Tampinha trazia no bolso alguns amendoins,
que deu ao esquilo. Ele comeu depressa e, depois, guardou alguns na bochecha
para levar para a toca. Os esquilos são animais silvestres e são como anjos
inocentes na natureza. Então ele contou às meninas tudo o que estavam passando.
Somente as crianças podem falar com os animais, pois como eles, são anjinhos do
bem. Com o frio rigoroso daquele inverno, não só ele e sua família passavam
dificuldades, mas todos os animais que ali habitavam: os cervos, os pássaros, o
alce e os coelhos também sofriam com a falta de alimento. Somente as raposas
estavam ágeis e fortes se aproveitando da fraqueza dos animaizinhos.
O esquilo faminto.
A Turma do Guaraná precisava descobrir
o porquê de tão rigoroso inverno. Então, o esquilo os levou até o meio da
floresta, onde eles descobriram algo incrível. Havia um clarão no meio da mata,
onde não havia árvores ou qualquer arbusto. Adentrando no clarão, as crianças
descobriram um enorme buraco.
— Minha nossa! — gritou a Bolacha
recuando para trás, pois quase caíra no abismo para onde pequenas pedras
rolaram; um precipício sem fim. Deste, vinha um frio congelante.
Este buraco gigante, cuja origem era um
mistério, era uma passagem que levava até o Polo Norte, que ficava há muitos
quilômetros dali. Ele era de aproximadamente 500 metros de largura e de lá soprava uma brisa extremamente fria.
— Brrr! Que congelante. É melhor nos
afastarmos daqui — Disse Tampinha.
Os animais, que ali moravam, observavam
as crianças atentamente, como se estivessem lhes pedindo socorro. Logo
todos foram embora dali, pois o frio era insuportável. Agora a Turma do Guaraná
já sabia o motivo de tanto frio.
As crianças retornaram à casa dos avós,
onde lavaram as mãos para almoçar. Humm... Mas que delícia de almoço: Era carne
seca com quiabo, a nova receita da vovó. As crianças adoraram.
No fim daquela tarde, todos foram à
capela para orar pela cidade. Pedir a Deus que o frio intenso fosse logo
embora, pois como as crianças já sabiam da existência do buraco polar
gigantesco, só mesmo um milagre poderia tampá-lo, e como todo mundo sabe, somente
o Criador faz milagres.
Este era como um poço largo e profundo,
bem dizer, sem fundo, pois ele terminava há quilômetros de distância da
floresta de Aiquefrio. Nem todos os esforços de centenas ou milhares de
caminhões carregados de terra, conseguiriam cobrí-lo. Bolacha, a menina
cientista, concluiu que toda a terra lançada lá cairia no Polo Norte, criando
uma montanha ao lado do buraco.
Tampinha contou a descoberta aos avós,
que contaram às autoridades da cidade. O prefeito tomou medidas para tampar o
buraco, conversando com cientistas e geólogos, que foram até lá e jogaram, com
a ajuda de tratores, muita neve e terra, porém, tudo sumia lá dentro. Era um
buraco sem fundo... Algo impossível para o homem resolver. Como tampar um
buraco sem fundo, com 500 metros de largura? — soa uma música de suspense e
pavor...
Naqueles dias, já se aproximava o
Natal, as casas eram enfeitadas e a população montou uma árvore de Natal
gigante, muito enfeitada e brilhante, mas poucas pessoas saíam às ruas para
contemplá-la por causa do frio.
Os cientistas descobriram que o frio
aumentava na cidade e foram investigar. Chegando próximo ao buraco polar,
descobriram que ele dobrara de tamanho. Era como se a cidade de Aiquefrio
estivesse sendo tragada pelo buraco. Aiquefrio estava literalmente caindo neste
imenso buraco. Em pouco tempo, não haveria mais a cidade, e o que dizer das
cidades vizinhas? — música de terror.
O buraco polar.
Foi então, que a Turma do Guaraná, que acompanhava
os cientistas, lhes disseram:
— Olha, não podemos tampar este buraco
imenso — disse a Bolacha desolada.
— Somente um milagre impedirá que a
cidade seja engolida — concluiu Guaraná coçando a cabeça, como quem não
encontrasse outra saída. Logo ele, o menino mais inteligente de Lindópolis, que
junto com Pirrixa, solucionou tantos problemas do dia a dia.
A avó de Tampinha, presente na ocasião,
estendeu suas mãos e disse:
— Vamos dar as mãos agora, meus irmãos.
Muita
gente estava reunida ali, e todos estenderam as mãos e gritaram com firmeza:
— JUNTOS, SALVAREMOS A NOSSA CIDADE!
Os moradores de Aiquefrio fizeram uma
corrente de fé e de amor em volta do gigantesco buraco polar. Levantaram suas
cabeças aos céus e oraram, pedindo a Deus que resolvesse aguele problema. A
população declarou que somente Ele poderia cobrir aquele buraco e impedir que o
frio polar continuasse invadindo a cidade e a floresta, matando de frio e fome
os animais.
Todos passaram a tarde ali, pedindo a
Deus um milagre, e a noite também. Mais tarde, caiu uma nevasca e as crianças
voltaram para casa com os avós. Muita gente não suportou o frio intenso e
voltou para casa também.
Pela manhã, todos voltaram ao buraco
polar e continuaram as orações, pois estavam certos de que sua fé não seria em
vão, e passaram o dia todo ali, orando.
O povo estava certo de que algo grandioso
aconteceria, então, no fim da tarde, toda a terra estremeceu. Os pinheiros
cobertos de neve sacudiram, enquanto as pessoas corriam assustadas para longe
do buraco polar, com medo de caírem lá. A neve corria por entre os pés das
pessoas; a neve acumulada nos telhados das casas caía e deslizava na direção da
floresta; acontecia uma revolução na natureza...
Ainda naquela tarde, o sol brilhava,
derretendo a neve dos pinheiros e dos telhados que pingava em toda a parte,
criando vários córregos que corriam na direção do buraco polar. Toda a água que
caía lá congelava instantaneamente, cobrindo-o cada vez mais.
A esta altura, as pessoas já haviam se
abrigado em suas casas, sendo que ninguém fora arrastado pelas águas ou pela neve.
E com toda a movimentação no solo, na neve e na água, os animais também se
abrigaram onde podiam: nas árvores, nas cavernas e nos troncos ocos. Nenhum
animal sequer fora arrastado pelas águas ou pela neve.
A revolução na floresta continuou por
toda a tarde e por toda a noite...
Chegou mais um amanhecer em Aiquefrio e
era véspera de Natal.
Era bem cedo, por volta das cinco horas
da manhã, quando surgiram os primeiros raios de sol atrás das montanhas
geladas. Aiquefrio amanhecera iluminada como sempre, mas desta vez, havia algo
diferente no ar... Havia só um pouquinho de neve, que caíra na madrugada, após
a revolução... O clima estava fresco, não gelado como antes. Era um nascer de
um dia mais feliz, com flores, grama e musgo sobre as pedras. Escondidos na
vegetação, haviam bichinhos, como coelhos, ratos, borboletas e... — Caramba! —
Uma cabritinha saltitando nas pedras perto do córrego.
As crianças, bem agasalhadas,
levantaram cedo e foram ver lá fora. Ficaram encantadas com tanta beleza. A
natureza estava exuberante naquela manhã.
— Olhem! Uma cabritinha! — Gritou
Paulinha.
— Ela pula muito, de pedra em pedra, e
com tanta agilidade! — Observou a Tampinha.
As crianças correram para brincar com a
cabritinha e lhe deram até um nome.
— Vai se chamar Pipoca — disse
Guaraná.
— Por quê? — Perguntou Pirrixa.
— Ora! Não vê que ela não para de
pular! — Disse a Bolacha.
— Pipoca, a cabritinha saltitante —
concluiu o Guaraná.
Indo em outra direção, Tampinha que
brincava lá fora, viu novamente o esquilo atrás do tronco caído.
—
Ei, menina! Venha cá! — Chamou o esquilo. Depois, lhe entregou algo.
—
Hó! Um amendoim... Obrigada — sorriu a menina.
Depois,
o esquilo subiu ligeiro na árvore e entrou no buraco do tronco. Tampinha o viu
ao lado dos filhotes. Agora, todos estavam bem...
De
volta ao buraco polar — soa uma música de suspense.
Toda a população estava
curiosa para saber o que aconteceu na floresta. A Turma do Guaraná e os avós
também seguiram para lá. Os cientistas e os geólogos concluíram que o buraco
polar não mais existia, pois fora coberto totalmente durante a revolução na
terra.
O presépio de Natal.
Os
moradores da cidade pularam de alegria, cantaram e comemoraram o milagre que
acontecera. Todos agradeceram a Deus pelo presente de Natal: um dia lindo de
sol; uma temperatura confortável, e na floresta, os animais estavam felizes,
porque havia raízes, grama e muitos insetos para eles se alimentarem.
Para
agradecer pelo milagre, a população passou o dia construindo um presépio de
Natal no local onde estava o grande buraco polar, que agora estava coberto por
fina camada de neve e musgo, entrelaçado com gramas e pequenas flores amarelas.
No
fim da tarde, antes de retornarem para suas casas, todos os moradores se
reuniram em volta do presépio e agradeceram a Deus pela graça alcançada.
Então, todos se abraçaram e gritaram felizes:
—
UM FELIZ NATAL PARA TODOS, COM MUITO AMOR E PAZ!
FIM
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Um comentário:
Obrigado pelo comentário, amigo. Um feliz ano novo!
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